É muito frequente o equilíbrio ser apresentado como uma indiscutível virtude e ser chamado de desequilibrado costuma ser uma agressão. Paradoxalmente, no entanto, excessos na busca de qualquer virtude podem caracterizar indesejáveis desequilíbrios.

O alcoolismo é um vício e entregar-se à bebida de modo a perder a plena consciência das ações não parece defensável; entretanto, considerar inaceitável o consumo moderado de qualquer bebida, mesmo em comemorações em que ela constitui uma representação simbólica, um momento de confraternização e de alegria, parece um rematado exagero, um patente desequilíbrio.

Outra situação exemplar ocorre com a dissimulação. Certamente, a sinceridade é uma virtude, mas, socialmente, em situações dadivosas, a dissimulação generosa pode ser muito mais adequada à constituição do laço que se busca. Ao “obrigado” de quem recebe a dádiva, respondemos: “Não foi nada, não se sinta obrigado a coisa alguma”; em certos casos, a franqueza pode representar uma crueldade.

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