SEED/SEMA 1º sem. 2021
Datas | TEMAS | EXPOSITORES | |
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1 | 26/02 | Vida: Sentido, Significado, Fé | Nílson José Machado |
2 | 05/03 | Ciência, Religião, Espiritualidade | Valdemar Setzer |
3 | 12/03 | Estatística: Padrões | Lisbeth Cordani |
4 | 19/03 | Diferentes modos de pensar o ensino de Cálculo Diferencial e Integral | Samuel Gomes Duarte |
5 | 26/03 | Competência Digital: uma análise dos referenciais de formação docente | Ana Cláuda Loureiro |
xxx | FERIADO | ||
6 | 09/04 | Inteligência: da intenção da medida à ideia de projeto | Nílson José |Machado |
7 | 16/04 | Inteligência Artificial ou Imbecilidade Automática? | Valdemar Setzer |
8 | 23/04 | Narrativas de Estudantes Indígenas e modos de significação da experiência | Ivone Mendes Silva |
xxx | EMENDA DO FERIADO | ||
9 | 07/05 | Conhecimento Matemático: os "por quês" dos alunos | Rodrigo Serra |
10 | 14/05 | A Poesia e suas Métricas | Cacildo Marques |
11 | 21/05 | A liberdade em Schopenhauer | João Tomás do Amaral |
12 | 28/05 | A Alteridade e o Diálogo como elementos constituintes do processo educacional | Constanza Kaliks |
xxx | EMENDA DO FERIADO | ||
13 | 11/06 | Criatividade na construção de Algoritmos | Marília Centurion e Marisa Ortegoza da Cunha |
14 | 18/06 | Hobsbawm: AEra dos Extremos revisitada | Ricardo Tescarolo |
15 | 25/06 | A discórdia segundo os mitos gregos | Paulo Bedaque |
REQUÊNCIA LIVRE - NÂO É NECESSÁRIA INSCRIÇÃO PRÉVIA | TEXTOS/ INFORMAÇÕES EM | www. nilsonjosemachado.net |
SEED/SEMA 1ºsemestre 2020
Data | SEED 14h-16h TEMAS | SEMA 16H30-18h TEMAS |
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27/março | Nílson José Machado Locke, Leibniz, web: sobre usos e abusos das palavras | Paulo Bedaque Das lentes astigmáticas às perfeitamente estigmáticas: de descobridor a plagiador |
03/abril | Luís Carlos de Menezes Ética da Aventura | Nílson José Machado Língua, Lógica, Matemática: entrelaçamentos |
FERIADO | ||
17/abril | Socorro Sarkis Ética do Mérito | Hugo Rojas Reflexões sobre a Formação do Professor de Matemática |
24/abril | Márcio Simões Determinismo e Liberdade em Spinoza, Hume e Nietzsche | Mário Almeida Complexidade: A linguagem funcional e o fechamento algébrico (ou Edgar Morin na prática da sala de aula |
01/maio | FERIADO | |
08/maio | Hugo Rojas Metáforas e Alegorias na sala de aula | DEBATE Matemática: Área do Conhecimento ou Disciplina? |
15/maio | Lívia Deodato Escambo de Talentos: Balanço de uma experiência | Valdemar W. Setzer A Máquina de Turing e o que os computadores podem e não podem fazer |
22/maio | Marisa Ortegoza da Cunha George Steiner e as Lições dos Mestres | DEBATE Amostras, Certezas, Incertezas, Estatísticas |
29/maio | Edsel P. Diebe/Lucas S. Cobello "Penso, logo existo" é um círculo vicioso? O raciocínio dedutivo em Descartes | Hideo Kumayama/Fabiano Siqueira/Jozami Ferreira Poliedros Regulares Platônicos: Novas ideias sobre o Origami |
05/junho | Valdemar W. Setzer Uma introdução ao livro "A Filosofia da Liberdade", de Rudolf Steiner | Cristiane Pavolaro A Plataforma Arduíno na Educação: potencialidades |
EMENDA DE FERIADO | ||
19/junho | Paulo Bedaque Poseidon: o deus dos sete mares | José Luiz Pastore Mello/Elivelton Santos Souza Google, computadores, emprego: o que devemos ensinar em Matemática? |
26/junho | Ricardo Tescarolo A Energia Espiritual de Henri Bergson | CONFRATERNIZAÇÃO |
FREQUÊNCIA LIVRE | NÃO É NECESSÁRIA INSCRIÇÃO PRÉVIA | TEXTOS/INFORMAÇÕES NO SITE www.nilsonjosemachado.net |
Grupos de Estudos
SEED
Os Seminários de Estudo em Epistemologia e Didática reúnem alunos de graduação e de pós, professores de todos os níveis, estudiosos em geral e pessoas interessadas especialmente em Ciências, Matemática, Linguagem e Educação, mas são abertos ao estudo de temas relativos às mais diversas áreas do conhecimento.
SEMA
Grupo formado por professores, alunos e pessoas interessadas no aperfeiçoamento do ensino da Matemática em todos os níveis, e em explorar novas abordagens de ensino dos diversos temas da Matemática.
Sobre ouvir absurdos
Quisera às vezes, ser surdo
Diante de tanto grito…
Em mar de palavras urdo,
Tecendo o dito e o não dito,
O bendito e o maldito.
Temo, às vezes, se chafurdo:
Ontem, soava absurdo;
Hoje, parece inaudito…
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Mil e Uma X30 Meu time, Deus, os números e a poesia
É curiosa a relação que os homens estabelecem com a divindade, quando torcem pelo seu time favorito: agem como se não houvesse tema mais relevante com o que Deus deveria se preocupar. Loyola captou bem a lógica de tal síndrome ao escrever: “Ora como se tudo o que acontece dependesse apenas de Deus; mas age como se tudo o que ocorre dependesse unicamente de ti”.
Na distribuição de responsabilidades pelo que ocorre entre Deus e os homens, dois casos são especialmente reveladores: a produção matemática e a criação poética.
Diante da beleza das relações entre os universos numéricos, com suas ampliações sucessivas, dos naturais aos inteiros, aos racionais, aos irracionais, aos reais, aos complexos, aos transfinitos, o matemático Kronecker decretou: “Deus criou os números naturais; todo o resto é trabalho dos matemáticos.”
Uma situação similar, particularmente reveladora, se dá na poesia. Foi Bandeira quem reconheceu ou decretou: “Deus nos dá o primeiro verso: todo o mais é criação do poeta”.
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Mil e Uma X 29 Avaliação, Saúde e Gamificação
Diante de sintomas, ou em consultas periódicas, o médico nos submete a um leque de exames. Os resultados e a expertise do profissional conduzem a um diagnóstico e a orientações de tratamento.
A simbiose entre exames e certificados quase inexiste nos processos educacionais. Aqui, os certificados, às vezes, importam mais do que a efetiva “saúde”. Um bom certificado traz alegria, mesmo havendo uma distância entre o “atestado de óbito” e o “defunto”. Na escola, as avaliações disputam espaço com o ensino, como se subtraíssem seu tempo.
Uma comparação similar resultaria da relação entre os games e a Educação. O que se tem chamado de gamificação é uma influência positiva de elementos próprios dos games, como explicitação dos objetivos, criação de interesse, o trabalho em equipe etc.
No caso da avaliação, a lição a ser aprendida com os games é a da necessária sincronia entre avaliação e ação. Na escola, na saúde, nos jogos e na vida, a competência efetiva vale mais do que certificações formais.
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Mil e Uma X 28 Bom senso e Justiça
No Discurso do Método, é fina a ironia cartesiana: todos se julgam tão bem servidos de bom senso que ninguém acha que precisa de mais do que tem. O inverso parece ocorrer com a ideia de justiça: por mais que as contingências tenham sido generosas, a menor circunstância negativa conduz à expressão: Não é justo!
De fato, se meu time preferido ganhou quase todas as partidas, perdendo apenas a final, não é justo; se vivi com plena saúde até os 70 anos, e, de repente, certo mal me acometeu, não é justo… Mas, o que é justo?
É justo quando uma moeda “honesta”, lançada 100 vezes, mostra em sua face superior 80 caras? Não me consola saber que, em um número infinito de lançamentos, as chances de cara e de coroa sejam iguais: em pequenos números, a aparência é de injustiça.
A verdade é que uma expectativa de justiça somente poderia ocorrer após o fim da jornada, no infinito, ou após o fim da vida. Compreende-se, então, o registro de Rimbaud:
“A visão plena da justiça é um prazer somente de Deus.”
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Mil e Uma X27 Deus é uma Ficção
As ficções são apresentadas, às vezes, em oposição à realidade dos fatos. Além disso, dizer-se de algo que não passa de uma ficção parece um atestado de irrealidade, mas as coisas não são tão simples assim.
Fato (facto, factum em latim) é particípio passado do verbo fazer (facere). Facto é o que já está feito. Na vida, lidar com fatos nos traz segurança, mas limitar-se ao que já está feito é sintoma de fatalismo.
Em geral, observamos um fato e idealizamos a realidade do nosso gosto, criamos ficções na mente. Um ficto é algo imaginado, fingido, idealizado, fictício. Uma abstração, como mediação entre uma realidade bruta e outra mais elaborada, é como um ficto, é uma ficção.
Não podemos ignorar o mundo dos fatos, seria indício de loucura; mas viver apenas em ligação direta com os fatos, abdicando da força viva da imaginação criadora, do mundo da ficção, seria sinal de uma limitação mental severa.
Precisamos tanto da realidade dos fatos quanto da ficção. E por falar nisso, Deus é uma ficção.
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Mil e Uma X26 Ensino Híbrido: entre a panaceia e a esterilidade
Na contraposição entre ensino presencial e ensino à distância, a expectativa de vitória de uma das modalidades com a aniquilação da outra é cada vez menos pertinente. Em vez disso, desenha-se uma convergência notável para um mix de modalidades. A expressão “ensino híbrido” tem sido utilizada para tal mix, e a tendência é a um aparente consenso: um ensino 100% presencial é um desperdício e um ensino 100% à distância é insuficiente e precário.
A cautela, no entanto, é necessária. Em primeiro lugar, não basta falar sobre a mistura como uma panaceia, é preciso caracterizá-la conceitualmente, dando ao presencial César o que é de César, mas preservando espaços específicos em que o ensino à distância pode ser pertinente e preferível.
Outro pondo decisivo pode ser metaforicamente lembrado pela biologia: quando se cruzam indivíduos de diferentes espécies, como o burro e a égua, dando lugar ao mestiço jumento, o mix pode apresentar características interessantes, mas a infertilidade é a regra…
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Mil e Uma X25 O vírus, a bola de tênis e o ser humano: Uma Regra de Três Simples
Em muitas imagens, o coronavírus parece uma bola de tênis espinhosa. Proporcionalmente, se o vírus fosse do tamanho de tal bola, qual seria a altura de um ser humano?
Calculemos. Um minúsculo vírus está para a bola de tênis assim como um ser humano está para o “monstro” cuja altura queremos determinar.
Outro modo de pensar seria: um vírus está para um ser humano assim como a bola estaria para o “monstro”
O tamanho do vírus varia entre 20 e 300 nanômetros; um nanômetro é igual a 10-9m. Para simplificar, consideremos um vírus de 160 nanômetros, e um ser humano de altura 1, 60m. A razão altura do ser humano/tamanho do vírus é igual a 1,60m/160.10-9m, ou seja, é igual a 107. Esta também deverá ser a razão entre a altura do “monstro” e o diâmetro da bola, que vamos aproximar por 8cm, ou 8.10-2m.
Logo, a altura x do “monstro” seria igual a 107 vezes o tamanho da bola, ou seja, x = 107. 8.10-2m = 800km.
Em palavras: a bolinha de tênis seria como um vírus em um ser humano de 800km de altura.
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Mil e Uma X24 Descartes, Kafka e o bom senso na argumentação
Descartes já nos alertara: o bom senso é o atributo mais bem partilhado do mundo; ninguém acha que precisa de mais do que já tem. No terreno das ideias, no entanto, o bom senso pode conduzir a derrapagens conceituais.
É o que ocorre quando se transferem qualidades ou defeitos do orador para os argumentos em defesa das ideias que apresenta. O deslizamento é sutil: se a pessoa argumenta mal, então a causa que defende não presta. Em latim, isto era chamado de Argumento Ad Hominem, uma situação em que os argumentos são deixados de lado e o argumentador é fuzilado…
Naturalmente, tal procedimento é logicamente insustentável. Em um debate, as ideias é que estão em questão, e não a eventual simpatia ou os defeitos do orador. A esse respeito, Kafka foi cirúrgico ao afirmar, com fina ironia: A maneira mais pérfida de se combater uma causa é defendê-la com um péssimo argumento. Simetricamente, poder-se-ia dizer: A maneira mais cínica de defender uma causa é combatê-la com um péssimo argumento.
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Mil e Uma X23 Elogio da Prudência nas leituras
A prudência é uma das virtudes cardeais em Santo Tomás. Ela não diz respeito às precauções, mas a modos de ação prática, em sintonia com a ideia de justiça. O impetuoso jovem, com a mais justa das intenções, pode cometer imprudências. Avançar na idade pode nos tornar mais prudentes.
Dois exemplos ilustrativos. Em Razões Práticas, Bourdieu escreve que o ato desinteressado não existe. Nossas ações seriam sempre motivadas por interesses, velados ou não. Será? Vamos mais devagar. A dimensão mercantil não é sempre determinante de nossas ações, não dá conta do valor do conhecimento, da arte, dos sentimentos… Bourdieu também escreve que a motivação da dádiva é o interesse pela criação do laço com o outro. Aí a concordância é total; o interesse é o laço, concordamos.
Whitehead escreve, em Os fins da Educação, que tudo o que ensinamos na escola tem que ser útil. Mas também escreve que a maior utilidade do que aprendemos é a compreensão do significado dos temas estudados. OK, vamos nessa…
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