Em uma de suas canções, diante de ameaça à integridade pessoal, um compositor do século passado sugeriu uma insólita saída: “Chame o ladrão, chame o ladrão!” Tal ironia pode ser recurso comum em regimes autoritários, mas é brincadeira sem graça nas democracias. A menos que consideremos o terreno utópico da anarquia, é fundamental reconhecer a função social da polícia.
No exercício do poder legitimamente constituído, é responsabilidade do governante recorrer à força para fazer cumprir as leis e manter a ordem pública. A polícia é o braço executor de tal função. A violência, sempre indesejável, nem sempre é evitável. Se um tresloucado ameaça a integridade dos cidadãos, a expectativa tácita é a da ação da polícia no sentido de constrangê-lo.
Leis que perdem a legitimidade precisam ser mudadas, o que exige articulação, argumentação, paciência. Enquanto não o forem, seu cumprimento é a garantia da integridade de cada um. Diante de uma ameaça a tal integridade, sem blandícia, chame a polícia.

18/10/2012

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