Em seminal ensaio (La notion de l´autorité), Kojève propõe que toda autoridade, em qualquer de suas manifestações, é uma combinação de quatro tipos básicos: a do pai (associada à família), a do chefe (que toma decisões), a do juiz (que julga) e a do professor (que projeta).
Na organização republicana, a autoridade é repartida entre os poderes Executivo (o Presidente é o chefe), Legislativo (as leis prefiguram o futuro, como o professor) e Judiciário (a justiça é o fundamento do Estado de Direito). A autoridade do tipo pai fica de fora: os regimes democráticos dispensam um “pai cívico”.
Nas monarquias constitucionais, ao Monarca não cabe o poder Executivo, que é atribuído a um Primeiro Ministro; os poderes Legislativo e Judiciário funcionam de modo similar ao da organização republicana. O Rei ou a Rainha, juntamente com a Família Real, exerce um notável poder simbólico. Eles representam o Estado de modo permanente. É como se a função da família se reinstalasse na gestão da coisa pública.

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