Eis uma das expressões menos apropriadas para referência às pessoas, mesmo de modo metafórico: “Capital Humano”. Seres humanos não são, como o dinheiro, convertíveis em mercadorias. Para cumprir sua função de valor universal, o dinheiro ignora diferenças de origem. Pecunia non olet, ou “dinheiro não tem cheiro”, diz uma antiga máxima romana. Mas as pessoas têm cheiro, são essencialmente distintas e tais distinções são vitais, precisam ser cultivadas e não se deixam traduzir em meras desigualdades. É próprio do néscio confundir valor y precio, dizia o poeta Antonio Machado. Além disso, o capital é um dinheiro que padece da obsessão compulsiva pela desigualdade, pelo crescimento. Mas nem tudo é negativo em tal expressão.
De fato, se o que torna um dinheiro C um capital é a contínua propensão para crescer e tornar-se C´ (C´> C), o que nos torna verdadeiramente humanos é a permanente intenção de crescimento pessoal, a contínua busca de aperfeiçoamento, a crença no ideal da perfectibilidade.

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