Aristóteles cunhou a máxima “A virtude está no meio”; mais de dois mil anos depois, Whitehead afirmou: “A virtude encontra-se entre dois vícios”. O preceito básico no budismo é “o caminho do meio”. No senso comum, a ideia de que os extremos e os extremistas não são virtuosos tem fácil guarida. Não se pode, no entanto, deduzir daí um elogio desequilibrado da média ou do morno, que podem ser sinônimos de parar no meio, ou de simples mediocridade.
A média é o motor da estatística e tudo o que dela muito discrepa não é levado a sério. Mas, tal como os cisnes negros, mesmo situando-se nos extremos da Curva Normal, os eventos raros são tão reais quanto os cortejadores da média.
Na ação humana, tanto quanto aos extremos, o meio também se opõe ao fim, sendo mero coadjuvante do mesmo. Esquecer-se do fim, ou tornar meta o que é apenas um meio, é a forma básica da mediocridade. Os meios de subsistência não podem substituir nossos projetos: tal ocorrência é o real significado de uma vida medíocre.

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