Ter ou ser já foi um dilema existencial, bem escrutinado por Eric Fromm e por outros analistas, antes que a febre dos simulacros se instalasse. Hoje, percebemos que ser pessoa ou ter bens materiais não passava de uma apresentação relativamente ingênua de uma questão mais profunda, envolvendo valores, aparências e essências. Em nossa época midiática, o embate se dá entre o ter e o parecer que tem, entre o ser e o parecer que é. Já não se precisa ser um astro ou um produto original: alguém parecido ou uma cópia pirata produzem efeito suficiente para chamar a atenção, como destacou Debord, em “A sociedade do espetáculo”.
A economia, que acabou com o lastro em ouro para a moeda, enraizou-se de vez no reino das aparências. A busca desenfreada pelos 15 minutos de sucesso de que nos falou Wahrol é a regra absoluta no universo da propaganda e do marketing, na economia e na política. Continuamente, dissemina-se a mensagem ambivalente: tudo o que aparece, tem valor; tudo o que tem valor, aparece.

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