A ação é o modo característico de atuar do ser humano, distintivo dos animais e dos deuses. É um fazer geminado com a palavra. O animal não conta com o suporte da palavra, e as pessoas que creem buscam a palavra divina, e não fazeres concretos da divindade.
Quando projetamos, vestimos as ideias com palavras, buscando na consistência verbal alimento para a realização das ações. Falar sobre o que deve ser feito ajuda a construir a concretude do que projetamos. Mesmo que o diálogo seja apenas interior, as palavras colaboram na construção de uma complexa simbiose entre a realidade e a ficção. Em Robinson Crusoé, protagonista do romance homônimo, Defoe nos dá um exemplo singular de tal fato.
Sempre que desejamos algo e falamos sobre isso, mesmo que apenas em diálogos interiores, buscamos, essencialmente, dotar de vida as palavras, aproximando-as das ações concretas.
O apoio que a palavra dá ao desejo vai muito além do território da razão: talvez esse seja o sentido mais próprio de uma oração.

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