Parece natural o elogio do aprender a aprender e do autodidatismo, mas é importante registrar: conhecer é aprender a mapear relevâncias.

Em A Náusea, de Sartre, há um personagem (sem nome) que valoriza muito o conhecimento e decide ler todos os livros existentes, sem mapear o que é relevante. Organiza títulos em ordem alfabética e inicia a leitura pelos que começam com a letra A, depois B… Naturalmente, morrerá sem atingir sua meta.

Em Entrevistas sobre o fim dos tempos, Umberto Eco comenta que conhece e admira autodidatas, mas percebe em todos eles certa dificuldade em construir um mapa do conhecimento, articulando o que sabem e o que não sabem.

Já Ascenso Ferreira nos legou um belo poema sobre viagens intitulado Oropa, França e Bahia. Nele, dialoga com Mário de Andrade e com Manuel Bandeira em temas correlatos. E Drummond acertou a gramática e nomeou um poema seu Europa, França e Bahia.

Eis um argumento para justificar a mistura de categorias: é poético misturar Oropa França e Bahia.

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