As categorias gramaticais deixaram de ter ênfase na escola, mas, às vezes, como bem disse Wittgenstein, um oceano de Filosofia pode se condensar em uma gotinha de Gramática. Sem ousar defender posições rígidas na areia movediça das disputas entre gramáticos, arriscamos afirmar que a expressão “mais bem feito” soa muito melhor do que a expressão “melhor feito”. Similarmente, a expressão “mais bem cozido” soa muito melhor do que “melhor cozido”, a menos que, nesse segundo caso, “cozido” seja, como é possível, um substantivo. O busílis da questão é que as palavras Bom e Mau são adjetivos; em seu uso ordinário, qualificam substantivos; já as palavras Bem e Mal são advérbios, sendo utilizadas para modificar adjetivos, verbos ou outros advérbios. Em consequência, quando “melhor” ou “pior” são graduações dos adjetivos “Bom” ou “Mau”, respectivamente, tais palavras não soam bem modificando verbos, como se fossem advérbios, elas nasceram para modificar substantivos. Reconheço que há controvérsias entre gramáticos, mas a gramática também tem a ver com nosso ouvido. Nesse sentido, na relação entre “mais mal feito” e “pior feito” não é difícil dizer o que soa melhor…

*****SP  29-03-2017

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