Paulo Vanzolini foi um eminente zoólogo, professor da USP e compositor de sucesso, com inspiradas letras. Um de seus versos mais citados é “Reconhece a queda e não desanima; levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima.” Consta que, certa vez, ele teria afirmado, em tom de blague: “Adoro a humanidade como um todo. Mas não de um em um…” Tal afirmação, verídica ou não, nos faz pensar no par integridade/civilidade. É relativamente simples  entrar-se em acordo om relação a grandes valores, como a integridade, a sensação de ser inteiro e o desejo de integrar-se com os outros, o amor à humanidade em sentido amplo. Mas amar o próximo, diante de nós, quando as circunstâncias não ajudam, pode ser bem mais difícil. Buscar, sinceramente, o laço com alguém grosseiro, que está mais para o zoo do que para o bios, que não cultiva um mínimo de gentileza, de generosidade, de fineza é uma tarefa que nos lembra a ponderação de Vanzolini. A civilidade, a ética em ponto pequeno, que se aproxima da etiqueta, são elementos decisivos no cultivo da vida junto com os outros, na negação de qualquer charme à misantropia.

******SP  4/10/2016

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