A resposta de Nelson Goodman (1906-1998) à disputa platônico-aristotélica sobre a natureza da realidade é radical e inspiradora: o mundo é o que compreendemos dele, universos são tanto construídos quanto descobertos, a compreensão e a criação andam juntas. O que importa são os modos de fazer mundos, que é o título de um de seus livros mais originais.
Entre os modos de fabricação, ele destaca:
– a composição/decomposição do que existe (os fatos), o que dá origem a novos objetos ou configurações, ao que é imaginado (os fictos);
– a enfatização de certos elementos, o que pode conduzir à deformação intencional, e à complementação ou supressão do que se considera relevante ou irrelevante;
– a ordenação do que já se registrou e destacou, com a construção de uma narrativa, o que introduz a temporalidade, possibilita a fixação e favorece a extrapolação.
Dividir, combinar, imaginar, destacar, suprimir, completar, ordenar, extrapolar seriam, então, verbos fundamentais para a construção de mundos.

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