Mil e uma # 393 Deus e o sentido da vida
Para muitos, não haveria como falar no sentido da vida sem invocar algum tipo de divindade. Personalidades complexas, como Pascal ou Dostoiévski, parecem absolutamente pragmáticas ao enfrentar tal questão. Para o primeiro, uma aposta contra a existência de Deus somente tem a perder; apostar a favor é mais “lucrativo”; para o segundo, a divindade é um freio moral, pois “se Deus não existe, tudo é permitido”. Nada mais distante da busca kantiana da verdade e da justiça como princípios que transcendem toda particular crença e não pressupõem uma fé religiosa.
Mas Kant também era movido pela fé: uma fé inexorável na razão como uma luz e na boa vontade humana como princípio. O mal seria como a sombra, a ausência de esclarecimento, e a ciência nos salvaria.
Há muito, no entanto, o entusiasmo com a empresa científica arrefeceu e luz da razão perdeu o foco. A irracionalidade deixou de ser inaudita e o absurdo reivindica o diálogo. A fé no sentido dispensa intermediários: Deus é o sentido da vida.
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