No final do século XVIII, Laplace pretendia que, se fosse possível calcular com precisão a posição e a velocidade de cada partícula de um corpo, o futuro do mesmo seria previsível. A superação da impossibilidade concreta de tal decomposição/composição seria uma questão de tempo.

Hoje sabemos que tal tarefa é intrinsecamente inviável, mesmo para uma única partícula. As leis da Física Moderna fixam limites insuperáveis para essa dupla determinação. O Princípio da Incerteza (1927), formulado por Heisenberg, estabelece que, quanto mais precisamente conhecemos a posição de uma partícula, menos precisa é a determinação de sua velocidade, e vice-versa.

Passando dos objetos do mundo físico aos seres humanos, o grau de incerteza e a imprevisibilidade aumentam significativamente. Os poetas compreendem melhor esse fato do que os cientistas. Ledo Ivo dizia que a exatidão é uma ficção, e Fernando Pessoa há muito já nos lembrara a lição dos antigos navegantes: Navegar é preciso; viver não é preciso.

 

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