No mundo impregnado por tecnologias, a ideia de autoria está em crise. Um sintoma é a crescente ocorrência de denúncias de plágio, dos trabalhos escolares às publicações científicas.

A livre circulação de informações propiciada pela internet amplificou a ideia de que o que está disponível não tem “dono”, pode ser incorporado à produção de quem explora bancos de dados cada vez mais abrangentes. Enciclopédias construídas coletivamente, modos de produção de artigos científicos de que resultam textos assinados por centenas de autores, ou ainda, noções autocontraditórias como a de autoplágio contribuem para a constituição de um cenário nebuloso na caracterização da responsabilidade pela autoria, com o bônus e o ônus correspondentes.

Convém, no entanto, não misturar promiscuamente questões éticas e técnicas.  Deslizes técnicos absolutamente veniais nas referências, por exemplo, não podem ser nivelados com o pecado mortal da burla, da apropriação indébita, da contaminação do ser pelo parecer.

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