Ao nascer, recebemos de nossos pais a dádiva maior, a vida. Conscientes disso, em cada ação, buscamos retribuir, não apenas no âmbito familiar, mas à sociedade inteira, com o respeito ao outro, o auxílio aos idosos, o cuidado às crianças e às pessoas com necessidades especiais. Nascemos em débito com a humanidade; temos o dever de amortizar nossa impagável dívida.

Essa é a “Ética do débito”, que impregna a cultura japonesa. É impossível não lembrar dela em momentos de crise, como em uma situação de greve. Nossas mais justas reivindicações não podem esquecer nossa dívida fundamental.

Como pretendia H. Arendt, quem não é capaz de assumir a responsabilidade pelo mundo não deveria ser pai; nem professor, nem político, nem cidadão… “O que posso fazer pelo mundo?” é uma questão que antecede a inversão especular “O que o mundo pode fazer por mim?” Não é possível postular direitos sem a necessária contrapartida dos deveres. A ideia de justiça não sobrevive sem o equilíbrio na balança eu-nós.

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