Em múltiplos aspectos, o mundo não parece justo; combater as injustiças é meta inteiramente defensável. Há, no entanto, formas e formas de luta, mais ou menos eficazes contra o mal que se pretende combater.

Somente quem se deixa seduzir pela dicotomia entre mocinhos e bandidos pode aceitar, por exemplo, uma greve preventiva: atirar primeiro não garante a vida, perpetua a violência. Uma greve contra a escassez de água decorrente da ausência de chuvas parece tão razoável quanto dançar coletivamente rogando aos deuses por elas. A despeito da força do simbolismo, espera-se a existência de vínculos racionais entre as ações paralisadas e os efeitos desejados. Sem isso, a ideia de greve resulta banalizada.

A greve é um instrumento legítimo para a defesa da valorização do trabalho e do trabalhador. Na relação com o capital, uma bandeira crucial seria um sistema tributário mais justo, em que a distinção nítida entre trabalho e renda é bem mais decisiva do que qualquer efêmera conquista salarial.

       

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