As estórias infantis são essencialmente binárias: há o bem e o mal, a bruxa e a fada, o herói e o vilão… A escolha entre o certo e o errado é sempre simples. Difícil é escolher entre o certo e o certo em diferentes perspectivas. Na vida, o certo e o errado passeiam de mãos dadas. Reduzir uma questão relevante a uma escolha do tipo certo/errado é infantilizar uma discussão.
Apoiar ou não um ditador que defende uma causa justa é uma dessas questões delicadas. A pertinência da causa pode amealhar apoios e a inextricável relação entre meios e fins é esquecida.
Um perigo simétrico ocorre quando um homem de boa vontade advoga uma causa equivocada. Kant afirmou que a boa vontade é o único valor que não admite limites: quanto mais, melhor. Quando alguém a evidencia, a simpatia é automática e pode conduzir a uma aceitação de teses sem uma argumentação adequada.
Um simples exemplo: um papa simpático pode obnubilar o fato de que certas posições defendidas pela Igreja são inteiramente equivocadas.

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