Existem coisas importantes que não podem ser tratadas como mera mercadoria, em situações de compra e venda. As relações amorosas, a atenção que damos ou recebemos, a palavra que empenhamos, o tempo dedicado aos mais novos ou aos mais velhos, os votos que doamos aos candidatos nas eleições não podem ser traduzidos em um preço. Não compramos o ar que respiramos, e se pagamos pela água que bebemos certamente o preço de um litro de água não corresponde a seu valor vital. Pagamos alguns poucos reais por ele, enquanto um litro de tinta preta para impressoras custa mais de mil vezes mais.
Decididamente, a água não pode ser tratada como um sabonete ou um automóvel; ela se insere numa classe de materiais em que o valor se sobrepõe ao preço, que devem ser partilhados de modo responsável pelos seres vivos.
Em sua obra poética, Antonio Machado cunhou uma máxima a esse respeito: Todo necio confunde valor y precio. Ao tratar da importância da água, não podemos correr o risco de instalar tal confusão.

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