Há vontades que não desejamos, e desejos que não elaboramos, nem alimentamos devidamente para que conduzam a ações conscientes, no caminho da realização de nossos projetos.
Em O mistério da vontade perdida, José Antonio Marina analisa a contaminação da ideia de vontade pela contiguidade excessiva com as ideias de poder e de prazer.
Em Vontade de sentido, Viktor Frankl propõe que o motor da vida é a busca do sentido último da existência, do qual o poder e o prazer são tributários.
Em Pedagogia das secreções internas, Ortega y Gasset sugere que, nas séries iniciais da escolarização, o fundamental deveria ser uma alimentação adequada da vida psíquica, com a depuração de apetites primários e a alimentação dos desejos que favoreçam uma vida ascendente numa perspectiva ética.
Nos três casos, a consciência é uma metavontade, uma vontade de ter certas vontades e não outras. Animais apenas buscam satisfazer suas vontades; seres humanos filtram tais vontades e as articulam em desejos conscientes.

23/11/2012

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