Em priscas eras, a observação do céu nos tornou conscientes da passagem do tempo. Os dias e as noites nos fizeram aprender sobre o sol e a duração do ano. As fases da lua nos ensinaram sobre os meses e as colheitas. Os astros e seu simbolismo nos ajudaram a pensar a guerra e a beleza. Sonhamos com a decifração de um mundo que queríamos muito mais poético.
Hoje, o tempo não vem mais do céu. Vibrações em nível sub-atômico arrebataram a medida do tempo da periodicidade dos movimentos dos corpos celestes. A Astronomia recolheu-se, transformando-se em tema de especialistas. Para o grande público, o céu tornou-se tema de discursos religiosos.
Mais do que nunca, no entanto, precisamos do céu. Não mais para medir o tempo, mas para buscar alento na construção de narrativas vitais. O desencantamento do mundo faz mal à alma. A Astronomia e a Cosmogonia sempre foram parceiras na construção de narrativas fabulosas. Tempo e narrativa são gêmeos univitelinos; a Astronomia pode ser a parteira de ambos.

03/11/2012

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