Ao lamentar a morte de Joãosinho Trinta, Ferreira Gullar (FSP 15/01/2012) relembra vivências com o conterrâneo. Registra que o carnavalesco tinha grande vocação para a dança, mas, sem o porte adequado, não tinha talento para tal. Vivendo sua circunstância, brilhou como poucos em seara próxima, criando alegorias memoráveis.
Clarice Lispector, em Aprendendo a viver, também comenta encontros e desencontros entre vocação e talento. Com o brilho de seu texto, afirma que, às vezes, ouvimos um chamamento, mas não sabemos o caminho para atendê-lo.
Ninguém mais que Ortega y Gasset, no entanto, dedicou tanta atenção à ideia de vocação. Em seuLivro das Missões, explorou os diversos níveis da problemática, da missão pessoal de que somos portadores a missões profissionais ou institucionais.
No caso específico da missão da Universidade, Ortega explicita com precisão o patente desencontro entre uma exuberância de talentos e uma quase geral ausência de vocação, tanto nos docentes quanto na instituição.

20/10/2012

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