A ciência nasce da busca de explicações causais para os fenômenos. As teorias científicas constroem cadeias de implicações lógicas que retiram de Deus a responsabilidade direta pelos acontecimentos e o reduzem, no máximo, ao papel de causa primeira, de impulso inicial para mover o mundo.
Mas a causalidade escapa entre os dedos do cientista. Padrões de invariância derrapam nos encantos da Curva Normal, com sua intolerância em relação ao que se afasta muito da média. A causalidade corrompe-se em correlações, o que tem levado a bifurcações onde nos encontramos com o acaso, ou com Deus.
É notável o desconforto de Einstein com as ideias da Mecânica Quântica: Deus não joga dados com o universo”. Também é de Einstein a afirmação: “O acaso é Deus que passeia incógnito”. Em seu Livro do Desassossego, diante do evento improvável, Fernando Pessoa traduz um sentimento análogo: “O milagre é a preguiça de Deus”.
Como causa primeira ou último recurso, Deus tem sempre estado presente no balanço final.

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