No universo tecnológico tem sido frequente a referência a objetos ou sistemas “inteligentes”. Trata-se de uma metáfora pobre. Ainda que sejam capazes de interpretar informações e escolher respostas em um elenco fixado, tais sistemas não são capazes de formular perguntas, estabelecer metas, engendrar projetos, elementos típicos da inteligência humana. A inteligência de um semáforo esgota-se nos limites de uma programação prévia, feita por um ser humano inteligente.
Algo análogo ocorre com a ideia de competência. A palavra deriva de com + petere, que, em latim, significa pedir, buscar, junto com. Competência pressupõe desejo, conhecimento e mobilização. Objetos ou sistemas podem ser capazes de, convenientemente estimulados, mobilizar recursos neles armazenados, mas certamente não têm desejos, não projetam a realização de algo juntamente com os outros. Em sentido próprio, livros não são competentes, computadores não são competentes, animais não são competentes: competente é gente. Ou não.

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