A pós-modernidade reduziu a pó muitas certezas iluministas, mas a superestimação da Ciência em relação a outras formas de conhecimento permanece acentuada. O método na investigação dos fenômenos e as medidas na expressão dos resultados são considerados recursos cruciais das Ciências Naturais, e as chamadas “Ciências Humanas” são instadas a correr atrás do prejuízo.
Os efeitos de tal visão simplória são particularmente nefastos para a Filosofia, que atrai muito menos estudantes do que as ciências ditas “duras”. No afã de marcar uma posição, alguns “neofilósofos”, como Alain de Botton, tentam superar o estigma da teoria e “colocar as necessidades da alma em um contexto de negócios” (FSP, 25-10-2011). Ao abdicar de defender a especificidade do pensamento filosófico, correm o risco de afundar no pântano da auto-ajuda.
O caráter fundamental da Filosofia pode ser revelado, no entanto, com muita simplicidade: se as Ciências investigam as coisas reais, a Filosofia investiga o que é a realidade.

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