Assim como a água compõe-se de Hidrogênio e Oxigênio, razão e emoção combinam-se na poesia.
Em Pavlovianas, José Paulo Paes atribuiu à emoção um papel de destaque na criação, sugerindo o que seria um desvio na arte poética:

“A emoção, a ideia, a palavra
A ideia, a palavra, a palavra
A palavra, a palavra, a palavra.”

Ao pensar no alerta do poeta, é impossível não ter em mente vertentes menos fecundas da chamada “poesia concreta”.
Sobre o mesmo tema, Fernando Pessoa escreveu:
“Um poema é a projeção de uma ideia em palavras através da emoção. A emoção não é a base da poesia: é tão somente o meio de que a ideia se serve para se reduzir a palavras”.
Apesar da aparência, não existe conflito entre as duas perspectivas. Logos pathos, razão e sentimento amalgamam-se na poesia. Como nos lembrou Pascal, “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. A razão do poema não é lógica, cristalina, mas líquida, pascalina. Afinal, a linha reta faz bem ao caráter, mas faz mal ao poeta…

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