O critério de Flaubert é cartesiano: Três condições são necessárias para ser feliz: ser imbecil, ser egoísta e gozar de boa saúde. Fazem coro com ele Anatole France (A vida ensina que não se é feliz senão à custa de alguma ignorância) e Leopardi (A felicidade consiste na ignorância da verdade). Tal trio certamente conhece a alma humana, mas existem outras perspectivas.
Em Análise do homem, Erich Fromm propõe que consciência e verdade são essenciais à felicidade. A ideia de uma felicidade ou de uma infelicidade inconscientes não seria razoável: estar satisfeito ou mortificado sem o saber equivale a não estar uma coisa nem outra. 
A mente pode conduzir a diagnósticos equivocados, fundados no auto-engano, mas o corpo é menos apto a ser burlado quanto ao estado de felicidade. Fromm alimenta a expectativa de que algum dia se poderá inferir da presença e do grau de felicidade ou de infelicidade pelo exame dos processos químicos do organismo.
Em parte, Flaubert tinha razão: felicidade é saúde.

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