Heráclito já nos lembrara: a única permanência é a da mudança. Tacitamente, acostumamo-nos com ela. Quando tudo parece invariável, o mais nítido conforto não nos agrada completamente. A constância é tranquilizadora, mas é sufocante. Sem espaço para o novo, a vida é entediante. Mesmo o crescimento ou decrescimento não podem ser totalmente comportados. Quando ocorrem a taxas constantes também conduzem ao tédio. O crescimento exponencial é sedutor, mas quem busca atingir o máximo deve crescer, a partir de certo momento, a taxas decrescentes. E toda situação de máximo é efêmera: basta um pequeno movimento e já não estaremos mais lá.
Mais grave que o fascínio pela mudança é o desejo da ausência de risco, é a pretensão do controle e da previsibilidade do sucesso. O sucesso é sempre bem vindo; o fracasso, um descuido circunstancial. Como dizia Nietzsche, nenhum vencedor acredita no acaso.Mas tanto quanto a morte é absolutamente previsível, toda previsibilidade absoluta é uma espécie de morte.

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