A língua latina é cirúrgica ao nomear o tempo.Tempus, aevum, aeternitas são palavras distintas para descrever o tempo como repetição, como duração ou sem início ou fim.
Repetem-se as horas, os dias, os meses, os anos. Registramos a passagem do tempo nos calendários e nas agendas por meio da periodicidade dos pêndulos, dos movimentos celestes, ou de períodos de vibrações atômicas mais sutis. Eis o tempo da Física, das medidas: tempus.
Outro é o tempo pessoalmente vivido, a duração, como cunhou Bergson. Mais próximo dele é o aevumlatino. Há minutos que parecem durar anos, e meses que se esvaem como segundos, dependendo do que sentimos, do que representam para nós. De aevumderivam evocação, evento, eventualidade.
E há o tempo eterno, sem passado ou futuro, diante do qual nossas vivências são insignificantes:aeternitas.São três tempos distintos: não evocamos o futuro, a eternidade não é uma eventualidade, e as repetições dos relógios são registros burocráticos de coincidências fictícias.

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