Em Confúcio e em diversas religiões encontra-se a frase: Não faça aos outros aquilo que não gostaríeisque fizessem a ti. À primeira vista, nada parece mais justo e natural. Entretanto, como pessoas, temos gostos diferentes, quadro de valores distintos, projetos de vida diversos. Em sua genialidade transgressora, Bernard Shaw percebeu, então, um vestígio de intolerância na máxima confuciana, e prescreveu: Não faças aos outros o que gostaríeis que fizessem a ti – eles podem não gostar…
De certa forma, a Regra de Ouro kantiana já padecia do desvio apontado por Shaw. Segundo tal regra, para ser aceitável, uma norma deve submeter-se ao Princípio de Universalização – supondo que todos decidam realizar o que ela prescreve, nada temos a reclamar. Para Shaw, tal pretensão é excessivamente abstrata, uma vez que nem todos desejam as mesmas coisas.
Sábias são as palavras de Antonio Machado, ao poetar a respeito:
           Enseña el Cristo: a tu prójimo
           amarás como a ti mismo,
           mas nunca olvides que es otro.

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