O iluminismo confiava cegamente na solidez da razão; a modernidade extraiu ouro de tal mina. Marx lembrou o fato de que “tudo o que é sólido desmancha no ar”. A Ciência e suas bombas eivaram os sonhos de tal razão e a pós-modernidade reduziu todas as certezas a pó. Com a razão comunicativa, de uma solidez mais plástica, mais consentânea com a natureza humana, Habermas resiste, talvez ingenuamente, como um valente Quixote. Um fato novo no horizonte é a metáfora hidráulica de Zygmunt Bauman.
Modernidade líquida, Vida líquida, Amor líquido são alguns de seus títulos recorrentes. Negando o absoluto relativismo pós-moderno, ele não pretende que as relações sociais pulverizaram-se. Não teriam a rigidez do gelo, mas manteriam a coesão e a viscosidade de um líquido. A forma não é fixa, mas o volume se conserva, não se esvai, como o pó.
Bauman não esbanja o otimismo de Habermas, mas suas ideias passam bem longe da mescla de cinismo, ceticismo e pessimismo em que a pós-modernidade se transformou.

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