No início do século XX, diversos autores chamaram a atenção para o fenômeno das massas, em que a renúncia à individualidade anula ou amortece a consciência pessoal. Bem antes disso, a história registra uma oscilação ancestral entre o desafio da construção da autonomia e a conveniência e o conforto da heteronomia.
Segundo Michael Oakeshott (2000), o século XII talvez tenha sido o ápice do anonimato do homem comum. Do século XIII em diante, sobretudo na Itália, a valorização da singularidade iniciou um percurso que conduziria à Revolução Inglesa do século XVII, e à Revolução Francesa no século XVIII. A individualidade tornou-se, então, um ingrediente fundamental da felicidade pessoal.
Desde o século XVI, no entanto, há registros na Europa da existência de indivíduos que não se sentem confortáveis em assumir as responsabilidades pelo seu destino. Quando tal resistência tácita torna-se uma negação explícita do valor da autonomia, estão criadas as condições para a emergência do homem massa.

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