A crescente aglomeração humana é notada desde o início do século XX. As pessoas acumulam-se nas ruas, nos cinemas, nas lojas, nos aeroportos. Falar de multidões é pensar apenas a dimensão quantitativa do fenômeno. O aspecto crucial, de natureza sociológica, é a massificação.
Em A rebelião das massas (1926), Ortega y Gasset registra: massa é todo aquele que não valoriza a si mesmo, que se sente “como todo mundo”, e, entretanto, não se angustia, sente-se à vontade ao sentir-se idêntico aos demais. Massa não é uma classe social, mas um modo de ser do homem, ao trocar sua singularidade pelo conforto da média. Para Ortega, pelo modo de produzir, o homem de ciência atual é o protótipo do homem massa.
Naturalmente, a extensão para a totalidade da população de direitos que eram reservados a poucos deve ser louvada e cultivada. O problema a ser enfrentado é, segundo Ortega, o fato de que a alma vulgar, sabendo-se vulgar, tem o denodo de afirmar o direito à vulgaridade e o impõe por toda a parte.

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