A vida é feita de escolhas, algumas decisivas, cruciais, muitas inofensivas, veniais, todas constitutivas, pessoais.
Nos regimes democráticos, elegemos nossos governantes. Como cidadãos, tendo por base os valores socialmente acordados, valorizamos as diferenças pessoais, articulamos interesses pessoais e coletivos, partilhamos sonhos, cultivamos consensos, arquitetamos projetos.
Os regimes totalitários à moda antiga recorriam à força para destruir a unicidade da pessoa e padronizar o sentido das ações coletivas. Os totalitarismos modernos são mais sutis. A pessoalidade é minada por meio da limitação ou da extinção das escolhas cruciais, reservadas aos detentores do poder. Já as escolhas veniais, irrelevantes para o projeto coletivo, são convenientemente fomentadas: crédito facilitado, consumo de supérfluos, foco nas aparências, nos prazeres sensoriais etc.
Em tal cenário, a Ética torna-se um luxo, a mediocridade grassa, e chega a parecer ridículo ponderar sobre o sentido último da vida.

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