“É na limitação que o mestre se revela”, diz o provérbio chinês. As regras gramaticais são condição de possibilidade da expressividade da língua. Os poetas lidam continuamente com sutis exigências formais. Em cada âmbito criativo, coexistem várias gramáticas, como escrutinou Steiner em Gramáticas da Criação.
Em regimes ditatoriais, jornalistas, políticos, artistas, criadores em geral põem seu gênio à prova, para resistir à arbitrariedade dramática das restrições à liberdade de expressão.
Em regimes democráticos, a livre circulação de ideias não impede outro tipo de limitação. Dogmas do mercado, como “o cliente sempre tem razão”, instigam certa padronização nos gostos. Repetir o que já deu certo é um imperativo do sucesso, e os fazeres artísticos e culturais são afetados pela uniformização das produções.
Em conseqüência, verdadeiros criadores soem ser censurados por ousadias demasiadamente divergentes. O estilo e a autenticidade resultam sufocados pelo risco de mudar e não mais agradar.

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