A Ciência anuncia fatos notáveis todos os dias. Com muito alvoroço, diz que abacates têm uma só semente, que é seu caroço. Já em laranjas há doze sementes, ou um pouco mais. E em mamões ou maracujás as sementes são muitas, mas em número finito, isso pode ser demonstrado.
Com astúcia e método, o cientista é capaz de analisar meticulosamente cada fruto e arquitetar estratégias para quantificar as sementes. Experimentalmente, disseca alguns deles, corta-os em pedaços, analisa-os ao microscópio, organiza-os em classes. Quantifica cuidadosamente todas as grandezas envolvidas, calcula médias, variâncias, desvios, descobre correlações e interdependências entre cores e tamanhos, entre formas e fibras, e, sobretudo, dá nome a cada parte examinada de maneira absolutamente precisa.
A Ciência não é capaz, no entanto, de criar uma só semente, ou de pensar seu futuro. Excelente para contar sementes no interior dos frutos, ela é bem mais reticente ao estimar os frutos latentes em uma simples semente.

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