Uma política pública muito visível nas últimas décadas é a dos livros didáticos, especialmente os processos de avaliação dos mesmos. Costuma-se afirmar que isso teria melhorado a qualidade dos livros. E dezenas de milhões deles são comprados pelo Governo para gáudio das editoras.
É, no mínimo, discutível que as avaliações tenham melhorado os livros. Livros bons sempre existiram; alguns deles morreram de inanição, preteridos por outros, mais em sintonia com as precárias condições de trabalho dos professores.
Mesmo com alguns efeitos positivos, o efeito perverso das avaliações tem sido uma indiscutível padronização na produção editorial. O espaço para a criação e a oferta de projetos inovadores diminuíram muito. Em sintonia com tal fato, decresceu a importância e a voz dos autores, que dividem sua responsabilidade com grandes equipes de produção. Sem dúvida, tais equipes efetivamente colaboram, mas são uma garantia da máxima lampedusiana: permitem mudar, desde que nada efetivamente mude.

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