Ao pretender regular o mercado por meio de políticas públicas, o Estado costuma atropelar o profissionalismo dos autores e dos editores. A produção de livros exige, além da competência técnica, um nítido compromisso público. Tal compromisso não surge espontaneamente, nem decorre da obediência cega a normas reguladoras: é a consciência profissional que cria as condições para uma auto-regulação. Em todos os casos, o profissionalismo exige uma auto-regulação, prefigurada por um Código de Ética e exercida por meio de associações de classe, como a OAB, no caso dos advogados, ou o CRM, no dos médicos.
A idéia de profissionalismo não está livre de desvios, como o corporativismo (compromisso com os profissionais, não com o público), o tecnicismo (supervalorização apenas da competência técnica) ou o mercenarismo (compromisso apenas com o pagamento). As caricaturas do profissionalismo não podem induzir, no entanto, a aceitação acrítica, igualmente caricata, de um Estado onisciente e onipotente.

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