As amígdalas são pequenos órgãos situados na confluência interna entre a boca e o nariz. São responsáveis pela produção de anticorpos para as bactérias e outros invasores do sistema respiratório humano. Algumas vezes, costumam inflamar-se, produzindo desconforto ou mau hálito, sobretudo em crianças. Apesar de as funções das amígdalas não serem suficientemente conhecidas, há algumas décadas era comum extrair as amígdalas de crianças, quando as amigdalites ocorriam com grande frequência, digamos, mais do que 5 vezes ao ano. Do ponto de vista da produção de anticorpos, mesmo levando em consideração sua localização estratégica, as amígdalas eram responsáveis apenas por cerca de  2% dos mecanismos de defesa do corpo humano, diminuindo ainda mais tal porcentagem na passagem para a vida adulta. Com certa arrogância, que não é incomum nas conclusões científicas, concluía-se, então, que as amígdalas serviam para muito pouco. Em 2003, uma tese de doutorado defendida na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo por Jorge Neval Moll Neto recorreu a ressonância magnética para evidenciar que emoções morais desagradáveis afetam as amígdalas. Experiências com adultos revelaram que o córtex órbito-frontal e a região do sulco temporal superior são alteradas por provocações morais. Eis aí uma nova linha de argumentação para a difícil defesa dos acusados de corrupção, tão numerosos no Brasil atual: não se trata de corruptos, mas sim de pacientes que sofrem de amigdalite. E algumas vezes, poder-se-á recorrer à irresponsabilidade do médico com extraiu as amígdalas dos acusados, subtraindo-lhes  as defesas naturais, quando ainda eram criancinhas indefesas. Pois é, a extração de amígdalas não é mais um ato médico politicamente correto…

********SP  22-10-2016

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