O hábito não faz o monge, mas um terno ou um vestido longo não parecem vestimentas adequadas para uma praia, nem sungas ou biquínis parecem convenientes em uma sala de aula. Há que se respeitar os ambientes, os contextos, e a tolerância, ainda que fundamental, não pode ignorar o fato de que existem limites, existe o intolerável. Se o tema é regulado por normas, quem não as leva em conta deve ser responsabilizado. Mas é aí que se situa o busílis da questão: seria esse um tema a ser regulado por normas? Há quem defenda que sim; de minha parte, acho que não. A consciência pessoal deve ser o juiz, em tal questão. Não se pode pretender a existência de normas para regular cada passo, cada ação de uma pessoa, de um cidadão. O espaço do livre-arbítrio é fundamental para a consolidação de uma vida eticamente fundada. Se tudo o que fazemos decorre da existência de uma lei que explicitamente prescreve, ou o que deixamos de fazer é decorrência do fato de que uma lei  proscreve tal modo de ação, então teremos nos transformado em autômatos, em robôs que obedecem a programas específicos; toda perspectiva ética desapareceu. A consciência da inadequação ou da inconveniência precisa ser alimentada, explícita ou tacitamente, mas a decisão a ser tomada não pode ser compulsoriamente determinada. É fundamental distinguir o mau gosto do crime; a estética não pode ser regulada pelo Código Penal.

*******SP  13-09-2016

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