O Pantógrafo é um instrumento bastante simples, composto por quatro réguas articuladas. Desde o século XIX, pelo menos, é utilizado para a reprodução mecânica de desenhos, gravuras, representações planas de qualquer natureza, dependendo da habilidade o operador. Diante dos atuais dispositivos eletrônicos para reprodução de imagens – os scanners –, um pantógrafo parece tão antiquado ou fora de moda quanto uma máquina a vapor diante de um computador. Conjuminando-se um scanner  e uma impressora, naturalmente associados a um computador, todas as questões sobre a reprodução de imagens parecem resolvidos. A qualidade da reprodução cresce a cada dia, com impressoras matriciais, jato de tinta, laser, … E a Tecnologia parece não ter limites em sua capacidade de nos surpreender. Desde o início da década de 1980, surgiram no mercado as primeiras Impressoras 3D. Como o nome traduz, trata-se de um dispositivo eletro-mecânico capaz de reproduzir objetos tridimensionais. Inicialmente, como no caso dos computadores, eram equipamentos muito caros, mas seu preço tem diminuído de modo acentuado, na mesma medida em que sua utilização tem sido crescentemente ampliada, sobretudo na produção de protótipos, na engenharia e na medicina, e especialmente no caso das próteses. Não seria um exagero afirmar-se que, atualmente, as Impressoras 3D situam-se no centro das atenções da produção tecnológica mais avançada. Constituem a alma de iniciativas como o Fab Lab, o queridinho dos makers, com presença cada vez mais incisiva em projetos educacionais diretamente relacionados com as tecnologias. Sem dúvida, as Impressoras 3D merecem a atenção a elas dedicada, mas é bastante educativo, do ponto de vista da busca de um necessário equilíbrio entre a conservação e a transformação, notar-se que as Impressoras 3D resultam de um insight especialmente fecundo de seus criadores, articulando os princípios mecânicos que regem o funcionamento do velho Pantógrafo com a maneira de conceber um sólido como uma superposição de camadas “planas”, conhecida há séculos como Princípio de Cavalieri. Ao representar as seções planas de um sólido e buscar reproduzi-las pacientemente, paulatinamente, cumulativamente, “amontoando” e “colando” as reproduções sucessivas, as Impressoras 3D concretizam as ideias de Cavalieri e atualizam/ampliam o modus operandi dos simpáticos Pantógrafos. Além disso, tais impressoras ainda apresentam um handcap especialmente positivo, ao abrirem espaço para uma reutilização de matérias plásticas comumente poluidoras, transformando parte dela em seu “combustível”, em sua “tinta”, na produção dos novos artefatos. Não é pouca coisa.

*******07/12/2017

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