A pós-modernidade generalizou a dúvida sobre a existência de uma ordem no mundo, a pertinência de nossos projetos pessoais, a consistência da ideia de um significado para a vida humana. A observação acurada de uma multiplicidade de fenômenos pulverizou a solidez de antigas crenças. Juntamente com a fé religiosa, toda esperança passou a ser julgada infantil. Grassou o relativismo absoluto e plantou-se em todo lugar a semente do desespero.

Em tempos recentes, uma corrente quase-otimista passou a registrar a existência de uma espécie de “razão líquida” que não preserva a forma, nem reduz tudo a pó, liquefazendo as certezas sólidas, o que, ao menos, preserva seu volume…

A liquidez consola, mas a vida exige mais. Não vivemos de ilusão, mas não vivemos sem ela. A ilusão é irmã da esperança, que não se confunde com a mera espera. Tem esperança quem fez sua parte, sabe que isso não basta, mas torce, reza, faz figa… A desilusão, a desesperança são venenos mortais, que têm como antídoto a fé.

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