Quando se fala de teoria em sentido amplo, é muito frequente o adjetivo científica insinuar-se tacitamente, sugerindo uma confluência natural ou um pretenso ideal a ser atingido.

A ideia de uma teoria científica formalizada é fecunda, quando se trata da sistematização do conhecimento, mas relativamente estéril, quando se trata do conhecimento em construção. A formalização da Geometria realizada por Euclides (séc. III aC) serviu de modelo para muitas outras sistematizações, como a que Newton realizou com a Mecânica, ou Spinoza com a Ética (séc. XVII). Entretanto, a consciência das limitações dos formalismos foi explicitada por Gödel, nas primeiras décadas do século XX. De seu trabalho decorre que o ideal de se buscar a construção de teorias formais cada vez mais abrangentes, com as necessárias características de consistência e completude, é inatingível. A partir de certo tamanho, as teorias precisam optar: ou são consistentes, ou são completas. Nisso, elas são muito parecidas com a vida.

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