A etimologia busca a realidade original incrustada na palavra. É sempre interessante, mas, às vezes, traiçoeira. Exige cautela e humildade, abomina precipitação e impaciência. Seu principal inimigo é a máxima italiana: se non è vero, è ben trovato (se não é verdadeiro, é bem engendrado).
Recentemente, em um texto de didática intituladoParadoxo da avaliação, encontramosuma verdadeira pérola de delírio etimológico. Pretende-se que avaliarderivaria de a + valiar, ou da negação da atribuição de valor. A função da avaliação seria suspender o juízo de valor, não valorar, observar sem ideias preconcebidas. Em suma, avaliar seria não avaliar. Se não fosse bobagem, seria algo intrigante; mas carece de qualquer fundamento, sendo apenas uma vertente extravagante do politicamente correto.
Sem dúvida, avaliar é estimar o valor de algo ou de alguém, é emitir um juízo de valor. Associar avaliar a não valorar é tão verossímil quanto seria a associação de amar à negação do mar, ou ao deserto, talvez.

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