A vida, às vezes, carece de sentido. Não o sentido imediato de nossas ações, com suas vinculações pragmáticas, mas o sentido último, que tem origem no interior de cada um de nós e se consubstancia na realidade concreta. Que nos impele a manter acesa a chama, a ficar “sereno, num sorriso justo, enquanto tudo em derredor oscila”, como cantou Cruz e Souza em seu soneto “Sorriso interior”.
Frankl pretendia que sua psicanálise nos proveria de uma “maiêutica do sentido”. O sentido da vida renasceria em cada um de nós, a cada dia, em permanente parto. Que fazer para enfrentar tal contínua porfia?
insight de Mallarmé é sugestivo: “a poesia é a expressão pela linguagem humana, reencontrada com seu ritmo essencial, do sentido misterioso da existência”. Em seu seminal “O ser e o tempo da poesia”, Alfredo Bosi ecoa Mallarmé e sentencia: “O poeta é o doador de sentidos”.
A associação está feita: ali onde se lia “a vida carece de sentido”, doravante leia-se, com alegria: “a vida carece de poesia”.

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