No espaço e no tempo, a exatidão nas medidas é uma ficção.
No espaço, a constituição da matéria nos impõe limites inexoráveis. Qualquer pretensão de medidas com precisão superior a  metros é fisicamente sem sentido, nos lembra Planck.
No tempo, o presente é sempre um instante fugaz, que se transmuta continuamente em passado. Medir os dias ou os anos com precisão absoluta também é pretensão sem futuro: Hércules e Sísifo desanimariam.
Ainda bem que, na vida cotidiana, não precisamos de tal precisão. Por mais que saibamos que, nos átomos, predomina o vazio entre as partículas constitutivas, a mesa diante de nós parece suficientemente compacta. E lidamos bem com essa bolha nebulosa que chamamos “presente”, e que engloba, necessariamente, tanto o passado quanto o futuro imediatos.
A consciência de que a exatidão é uma ficção não significa, no entanto, que devemos abdicar de sua busca. Queremos a exatidão nos conceitos, mas, para animar a vida, precisamos do diálogo entre Planck e Platão.

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