Em sua maturidade poética, Ferreira Gullar afirmou: “Não quero ter razão, eu quero é ser feliz”. Foi saudado efusivamente por muitos. A frase inspirada e inspiradora chama especialmente a atenção pela ideia seminal: a paz nossa de cada dia pressupõe a poesia. A lógica desencarnada pode pouco, quase nada.
De outro lugar, Habermas afirmou, há quatro décadas, que as encrencas nacionais decorrem da prevalência das ações estratégicas, pautadas pela racionalidade prática, pela busca do êxito a qualquer custo. Em sua visão, o mundo precisa de um tipo de ação que busca a comunicação e visa ao entendimento, ou cujo êxito é o entendimento: a ação comunicativa. Diz que a paz somente virá com a situação ideal de fala, em que a todos a palavra é dada, sem constrangimentos; esse é o solo dos consensos. Tem sido criticado por alguns, que o têm como excessivamente poeta, como se poesia pudesse ser demais.
Uma singela harmonia entre a poesia e a filosofia é o recado que nasce do aforismo de Gullar.

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