Na Grécia antiga, acreditava-se que os deuses puniam aqueles que extrapolavam a condição humana, agindo como se fossem deuses. Tudo o que passava da medida, do comedimento, expressando um orgulho ou uma autoconfiança excessiva era chamado de hybris e provocava a ira dos deuses.
O conselho de Horácio a Alexandre, o Grande, é emblemático: “É porque te submetes aos deuses que comandas os homens”. Também Plutarco lembra a Pompeo: “És tanto mais divino quanto mais reconheces que és apenas um homem”.
Em tempos de modernidades e pós-modernidades, as descobertas da ciência, os avanços da tecnologia, as pretensões da economia são novos deuses, a serem desafiados. Fascinados por eles, os homens ignoram todas as autoridades, todos os comedimentos, e proclamam aos quatro ventos: ultrapassar todos os limites é apenas uma questão de tempo.
As ameaças decorrentes tornam-se evidentes e as tentativas de controle são ineficientes ou hipócritas. De uma forma ou de outra, ficamos à mercê da ira dos deuses.

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