Como uma praga, ela se disseminou pelos banheiros: a torneira de pressão com fechamento automático tornou-se uma prótese da consciência pessoal no caso do uso parcimonioso da água. Um aviso junto à torneira seria suficiente para lembrar os distraídos e despertar consciências adormecidas, mas a tecnologia oferece mais garantias.
O tempo que a torneira nos concede para lavar as mãos é matematicamente calculado. Amostras de milhares de usuários produziram curvas normais, tempos médios, desvios-padrão, suficientes para formatar as molas e os dispositivos reguladores. Se não nos adaptarmos aos esquemas programados, não somos “normais”.
É verdade que uma mola muito nova pode abreviar o tempo previsto, e, quando mais velha e mais relaxada, pode deixar a água fluir além do necessário, mas tudo isso são contingências.
O essencial na opção por simulacros de consciência como as torneiras automáticas é o recado tácito: a Ética que nos perdoe, mas a tecnologia parece mais confiável do que as pessoas.

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