O animal satisfaz suas vontades imediatas; os seres humanos buscam a construção de uma consciência moral, uma vontade de ter certas vontades e não outras.
A consciência pessoal é o final de um percurso que se inicia na heteronomia, na obediência a normas estabelecidas por outros, e que culmina com a autonomia, a obediência a normas que criamos, ou que aceitamos como nossas por considerarmos legítimas.
A reunião de muitas pessoas com metas racionalmente difusas, unidas apenas por emoções ou paixões coletivas, revela que a multipessoalidade transmuta-se facilmente em multidão, e a pessoalidade regride para a heteronomia: está constituído o fenômeno da massa. As massas são naturalmente heterônomas: basta um grito, uma incitação e a explosão é decretada.
Quaisquer que sejam seus componentes, as massas não articulam as consciências pessoais, mas agregam as animalidades. Anestesiada a consciência pessoal, uma assembléia de sábios ou uma reunião de imbecis pode conduzir aos mesmos resultados.

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